É preciso conhecer o ciclo biológico/ecológico do sauveiro, para identificar seus momentos de vulnerabilidade e controle biológico facilitado. Segue uma descrição das etapas iniciais do sauveiro.
1 - Vôo nupcial
No sudeste brasileiro a revoada de sauveiros acontece de outubro a dezembro (janeiro), quando começa a chover. É na primavera que as jovens rainhas são fecundadas, quando abandonam definitivamente a colônia em “voo nupcial”, durante o qual elas atraem alguns machos e são por eles fertilizadas, garantindo assim uma longa e contínua produção de ovos no seu ciclo de vida (15 a 25 anos).
2 - Pouso e 1ª escavação (predação natural)
Após a fecundação, as rainhas pousam no solo, cortam as próprias asas, escavam uma pequena câmara e começam um novo formigueiro. Este é o momento de maior vulnerabilidade em todo ciclo de uma colônia. Mais de 90% das rainhas são predadas enquanto entram/saem do primeiro “furo” que fazem no solo.
Inimigos naturais 1: Pássaros, lagartas e outros animais insetívoros se fartam desta iguaria: a Içá. Mas não se pense que as sobreviventes sejam poucas. São muitas! Dezenas e dezenas por hectare, talvez centenas. Futuros formigueiros, em crescimento, a dar prejuízos nos cultivos.
ALERTA: as rainhas sobreviventes, os 2% ou 5% ou quantos forem que sobreviverão à predação natural, terão que ser caçadas e eliminadas enquanto isto for uma tarefa fácil. Veja a seguir.
3 - Fundação do 1º ninho
Imediatamente após ter escavado uma pequena câmara, há poucos cm da superfície, a nova rainha inicia a postura de ovos e o cultivo do fungo alimentício, enquanto aguarda até 50 dias o nascimento das primeiras operárias. O minúsculo sauveiro fica invisível e parece não existir.
Com as primeiras operárias assumindo as tarefas de construção e organização da nova colônia, em torno de 2 a 3 meses após sua fundação, ocorre a abertura do primeiro olheiro e o montículo de terra solta acumulada terá dimensões em torno de 10x10 cm. A panela única onde vive a rainha e as formas jovens se encontra a uma profundidade média de 30 cm, o que facilita o controle físico nesta fase da vida da colônia. Veja como é feito:
4 - A fase do “Vulcãozinho”
Esta fase se torna visível para o observador, por que a jovem colônia começa a cavar um ninho um pouco mais fundo, jogando terra pra fora de um modo característico: formando um “vulcãozinho”. Esta fase dura uns 5 meses, vai de janeiro a junho, para o sudeste brasileiro. Todo ano teremos novos vulcõezinhos para caçar.
TAREFA FÁCIL: escavar um buraco no
lugar do “vulcãozinho”. Com enxadão. A câmara única do formigueiro estará a apenas 30 cm (20 a 50) da superfície, fácil de achar. Nela encontraremos o fungo, formigas campeiras e jardineiras (miudinhas) e a RAINHA! Que é fácil de identificar, pois é MUITO MAIOR que as outras. Eliminando a rainha o formigueiro morre no mesmo dia. Tudo operação deve durar de 2 a 5 min por vulcãozinho. Rápido, eficiente (controla 100%) e barato. Basta patrulhar as áreas de cultivo e adjacências e fazer a caça.
Inimigos naturais 2: nesta etapa (em paisagens produtivas) o ser humano é o único predador/caçador habilitado a agir eficientemente. O controle físico da colônia é completamente sem contraindicação e plenamente aceito por todas certificadoras. Um colaborador motivado consegue caçar de 30 a 70 rainhas por dia, pois temos de contar o tempo de espreita e de procura.
5 - E se perdermos o prazo?
Se deixarmos o vulcãozinho evoluir? Neste caso a colônia de saúvas segue se desenvolvendo, cavando ninhos (no plural!!) a profundidades que estão fora do alcance comum e não poderão ser predadas por um simples esforço manual (escavação). Sobre as possibilidades de controle ecológico nesta fase da colônia, haverá outro artigo.
Inimigos naturais 3: na etapa madura da colônia, não existem predadores que
possam agir eficientemente. O controle químico (com substancias autorizadas pela certificadora) das colônias é custoso e o único meio de abatê-las.
Merecendo um artigo à parte.
6 - Repetir todo ano a caçada ao vulcãozinho.
Se fizermos todos os anos, a infestação com saúvas tende a cair, pois quebra- se o ciclo da reinfestação desenfreada, especialmente se o controle for feito em áreas maiores (incluindo as áreas vizinhas)!
O combate às saúvas exige conhecimento do seu ciclo biológico e muita observação! Insetos sociais são muito inteligentes.
Manfred v. Osterroht
Projeto ART
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